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  • Foto do escritor: Mariana Bacigalupo Martins
    Mariana Bacigalupo Martins
  • 3 de nov. de 2024
  • 3 min de leitura

Atualizado: 24 de jan.


A agressividade é uma expressão espontânea de movimento
A agressividade é uma expressão espontânea de movimento

A partir do trabalho psicológico clínico e também no âmbito escolar, observamos que parte das preocupações dos pais e da escola se referem à imposição de limites e à agressividade nas crianças. Neste texto gostaríamos de lhes falar sobre a gênese desses comportamentos que inicialmente, se manifestam na relação pais-filhos e irão nos servir para uma reflexão.


O que é agressividade?

Segundo Winnicott, psicanalista inglês, a agressividade é uma força natural da criança que a impele a se movimentar; a empurrar para nascer ou sugar para mamar. O autor entende a agressividade como expressão espontânea de movimento em busca da exploração do mundo e mais tarde, da aquisição de conhecimento sobre ele.


Quais são os aspectos positivos da agressividade?

Através da agressividade, a criança busca experiências de gratificação e prazer. A  expressão agressiva deve ser entendida como uma evidência de saúde, criatividade, autonomia e independência. Para Winnicott, além de ser inata, a agressividade também se constitui na relação com os pais, pois estes estão continuamente tentando conter os impulsos agressivos dos filhos. É pela oposição e reação dos pais aos movimentos agressivos da criança, que ela vai começar a ter noção de sua força, do que ela pode provocar e das consequências de seus próprios atos.


Qual o papel dos limites impostos pelos pais?

Ao imporem limites, os pais apontam para as crianças as consequências da destrutividade e os danos que podem causar. É através das palavras e da presença dos pais em oposição à criança durante as experiências agressivas, que os limites se estabelecem. Os pais devem reagir à agressividade, além de palavras, com atitudes. Assim, a presença verdadeira na educação dos filhos impõe o limite necessário para a constituição de uma criança que respeita o outro. Os pais implicados na educação, são aqueles que exercem autoridade sobre seus filhos, sem precisar usar da força física. A partir de suas referências pessoais e história de vida, os pais fazem oposição aos filhos e exercitam o estabelecimento de relações de hierarquia. Estabelecer limites e regras, antes de ser uma tarefa árdua, deve ser estimulante e capaz de propiciar uma convivência verdadeira entre pais e filhos. Espera-se que este exercício garanta aos pequenos o estabelecimento do seu universo próprio segundo os valores familiares bem estabelecidos.


Como entender o papel da disciplina no desenvolvimento infantil?

A criança que não possui uma disciplina regular dentro de casa, também terá dificuldades em seguir regras em outros contextos. Por exemplo, a necessidade em se manter sempre no domínio das situações pode gerar dificuldades importantes para a criança se inserir no grupo de amigos. Como ela vai conseguir dividir situações com os amigos se não conseguir, por exemplo, as regras de um jogo? As regras precisam ser internalizadas e aprendidas, assim como as hierarquias. O controle interno é construído a partir do controle externo, e este precisa ser bem claro. No futuro, quando adulta, como poderá ser bem sucedida, se o seu próprio controle interno não puder ser respeitado?  Qual será a qualidade das relações afetivas de uma pessoa que não consegue manter relacionamentos duradouros porque não aceita as demandas do outro e do mundo? Enfim, o papel dos limites vai muito além da necessidade de controle, ele está a serviço do desenvolvimento saudável das crianças e precisa ser exercitado diariamente!


A psicoterapia é a oportunidade do responsável refletir com ajuda profissional sobre as situações vividas em casa, rever atitudes e ajustar os sentimentos em relação a educação e convívio com os filhos.


Bibliografia

DOLTO, Françoise. Como orientar seu filho. Trad. Ruth Josef. 3a ed. v.I Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1988.

WINNICOTT, Donald. A agressividade em relação ao desenvolvimento emocional (1950). Da Pediatria à Psicanálise. Trad. Davy Bogomoletz. Rio de Janeiro: Imago Ed., 2000.

WINNICOTT, Donald. A agressão e sua relação com o desenvolvimento emocional. Da Pediatria à Psicanálise. (1950) Trad. Álvaro Cabral. Rio de Janeiro: Zahar, 1982.

WINNICOTT, Donald. As raízes da agressividade. A criança e seu mundo. Ed. Zahar, Rio de Janeiro (1966). THEBAS, Claudio; Ilustrações de Ivan Zigg. O menino que chovia. São Paulo: Companhia das Letrinhas, 2010.

 

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